Cultura

A Cultura é tão necessária e importante quanto outros direitos que o Estado deve garantir. É direito de cidadania , instrumento de transformação social e atividade econômica.

Não deve ser tomada como um mero “antídoto para as drogas e a violência”, como freqüentemente acontece. Mas é, sim, contraponto ao consumismo, imediatismo, a degradação nas relações com o entorno e outras pessoas, à perda da identidade e autoestima, rompimento de laços sociais e violência.

Nossas políticas públicas para a Cultura levam em conta três eixos básicos: a produção, difusão e fruição de arte e cultura.

O próprio Plano Diretor Estratégico estabelece:

Art. 40 – São diretrizes no campo de Cultura:
I – a integração da população, especialmente das regiões mais carentes da Cidade, à criação, produção e fruição de bens culturais;
II – a implantação de programas de formação e estímulo à criação, fruição e participação na vida cultural, com especial atenção aos jovens;
III – a descentralização de orçamentos, equipamentos, serviços e ações;
IV – o apoio a movimentos e manifestações culturais que contribuam para a qualidade da vida cultural e pluralidade da Cidade de São Paulo;
V – o apoio a manifestações institucionais ou não, vinculadas à cultura popular, grupos étnicos e outros que contribuam para a construção da cultura da paz e de uma sociedade solidária;
VI – a criação de e o estímulo a processos de participação cultural e de formação de uma cultura cidadã.

Não basta incrementar os mecanismos de incentivo à produção cultural; é fundamental garantir sua difusão e a efetiva fruição pela população, bem como a preservação do patrimônio cultural e acervo existentes.

Propostas para incentivo à produção:

– Manutenção dos Programas de Fomento ao Teatro e Fomento à Dança (estabelecidos em lei)
– Publicação de Editais de Seleção de Projetos em outras áreas (Circo, Cinema, Artes Visuais, Literatura, Cultura Popular, Identificação, Restauro e Preservação do Patrimônio)
– Oferta de espaços para reuniões, ensaio, oficinas, ateliês, gravação e edição.
– Criação de nova unidade da Escola Municipal de Música
– Oferta de instrumentos musicais para estudo
– Oferta de cursos e oficinas nas Casas de Cultura
– Oferta de cursos técnicos na área relacionadas à produção cultural e artística – cenografia, cenotecnia, figurino, iluminação, sonoplastia etc.
– Reinserir música no currículo escolar.

Para difusão/fruição

– Criação de novos espaços públicos dedicados à cultura (Centros Culturais, Casas de Cultura, Bibliotecas, Cinematecas)
– Ocupação de espaços públicos com atividades culturais (ruas, escolas, praças, parques, terminais, pontos, ônibus, mercados) – por iniciativa do poder público (processo seletivo/curadoria e contratação) ou por meio de autorização para pessoas ou grupos que queiram fazê-lo.
– Ampla divulgação da programação cultural nos diversos meios de comunicação (mídia de massa, rádios comunitárias, internet, TV ônibus, murais)
– Sistema de transporte e locomoção voltado para a fruição de atividades culturais – linhas especiais de ônibus nos fins-de-semana que liguem os bairros da periferia aos equipamentos culturais da região central, públicos ou não (exemplo: Casa das Rosas, Sesc, Instituto Cultural Itaú e assim por diante), circuitos que percorram feiras de arte e artesanato, mostras, exposições, edifícios tombados e assim por diante. Garantia de passe livre nessas linhas ou no sistema de transporte coletivo para famílias com renda de até um salário mínimo por pessoa.
– Criação de mais bibliotecas itinerantes, bem como estúdios e ateliês.
– Criação de mais Pontos de Leitura e pontos de encontro para empréstimo e troca de livros nos espaços públicos.
– Oferta de mais locais para artes visuais ao ar livre (grafite, fotografia)
– Registro fotográfico/em áudio/vídeo das produções realizadas com recursos públicos para que fiquem disponíveis na internet
– Parceria com TVs públicas para exibição de espetáculos produzidos com recursos públicos.
– Criação de calendário fixo para realização de Festivais de Arte e Cultura com apresentação de artistas e grupos de São Paulo e de outras localidades
– Seleção de projetos para participação em festivais em outras localidades, com gastos custeados pela prefeitura.
– Duplo mapeamento do patrimônio histórico, artístico e cultural: por meio de pesquisa sistematizada contratada pela prefeitura e no modo “Wiki”, com a criação de plataforma colaborativa.
– Garantia de recursos para recuperação, restauração, preservação e divulgação dos bens tombados no município.

Sempre abertos a comentários e sugestões.

Tarifa Transporte Coletivo

Considerações Iniciais

A soma de tudo que é pago na roleta não é suficiente para custear o sistema de ônibus.

A prefeitura subsidia o sistema com centenas de milhões de reais todo ano.  Não o fizesse, a tarifa teria de ser mais cara e/ou haver menos descontos e gratuidades.

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Se o transporte fosse reestatizado, o custo  não seria menor.

A prefeitura teria de ser proprietária de milhares de veículos, a contratante de dezenas de milhares de funcionários, proprietária das garagens, responsável por toda a manutenção da frota, gestão de recursos humanos… Um impacto financeiro e administrativo imenso. Sem a garantia de melhora da qualidade de serviço, porque seria uma operação monstruosa. Imagine o tamanho da máquina pública necessária para cuidar disso tudo.

O modelo de concessão pode ser muito eficiente – desde que a SPTrans exerça de fato seu papel de gestora do Sistema, distribuindo as linhas, remodelando os trajetos, fiscalizando a operação.

O lucro das empresas não é variável; o contrato de concessão, assinado no final do governo Marta Suplicy, estabelece uma “taxa de retorno” de 6%. O aumento das tarifas e do repasse da prefeitura não significa aumento dos seus lucros.

Seus ganhos são indevidos quando a operação não é satisfatória; novamente, a SPTrans tem de aplicar as penalidades.

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Propostas

Para baratear a tarifa de ônibus, é preciso:

1 – Reduzir as despesas com o custeio da operação
2 – Criar novas fontes de receita

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1 – Para reduzir as despesas:

* Melhorar a operação dos corredores, que hoje são verdadeiros congestionamentos de ônibus. Eles vão funcionar como metrô sobre rodas:

– Veículos grandes (“sanfonados”) passando em intervalos regulares (sem ônibus comuns congestionando a faixa exclusiva)
– Passagem paga já no ponto para que o embarque seja mais rápido.

* Exigir a modernização da frota para maior eficiência energética
Haverá, assim, menos desperdício de recursos (combustível etc).

2 – Para aumentar a receita:

* Com as viagens nos corredores mais rápidas e previsíveis, o sistema atrairá mais passageiros. Portanto, mais gente pagando tarifa.
* Concluir a licitação do mobiliário urbano, que prevê publicidade nos pontos de ônibus
* Licitar publicidade nos veículos e terminais
* Licitar publicidade no Bilhete Único
* Licitar mais pontos comerciais e de serviços nos terminais

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Pretendemos também fazer estudos sobre a possibilidade de compra, por empresas, de passagens para seus funcionários ou clientes, no valor total das viagens.

Quem paga Vale Transporte para seus empregados foi beneficiado com a implantação do Bilhete Único, porque o portador do VT passou a pagar por uma viagem só (hoje, R$3,00) mesmo que pegue várias conduções em sequencia – a empresa economizou e a prefeitura assumiu o custo das viagens seguintes. Claro que é preciso analisar com cuidado para não onerar de tal maneira os empregadores que esse seja mais um “estímulo” à informalidade.

Também acredito que seja justo com o conjunto da população rever o direito a meia-passagem para todos os estudantes independentemente de sua renda familiar. Um estudante de classe A ou B que pague meia tem o restante de sua passagem sendo paga pelo conjunto da população – inclusive o autônomo ou desempregado que já sofre para pagar o valor inteiro da sua.

Outra possível fonte de receita seria o pedágio urbano, isto é, a cobrança de uma tarifa igual à passagem de ônibus para os automóveis particulares que circularem no centro da cidade no período das 8h as 20h de segunda a sexta-feira. Mas para ser implantado ele depende da aprovação de uma lei, seja na Câmara Municipal ou em plebiscito.

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Queremos evitar ao máximo aumentar a tarifa – apesar da inflação, da Petrobrás aumentar o preço do diesel , da necessidade de reajustar salários. Se mantivermos o valor por mais tempo sem reajuste, já será uma vitória.

Com menor necessidade de subsídio para manter o sistema funcionando, haverá mais recursos para investimento em melhorias.

Enquanto isso, vou dar bilhete 100% subsidiado para estudantes com renda familiar inferior a 3 salários mínimos. Com direito a passagens gratuitas também no fim-de-semana (4 no total).

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Outro ponto que vai melhorar a entrada de receita será a Reorganização do Território, com maior proximidade entre casa e trabalho.

Hoje, o ônibus sai lotado do Itaim Paulista, no extremo leste, e chega com essas mesmas pessoas ao ponto final, no Parque Dom Pedro.

Se mais gente subir e descer ao longo de toda a linha, a “produtividade” vai aumentar; em vez de 100 pessoas passando pela catraca, poderão ser muitas mais.

Com melhor distribuição da atividade econômica, também haverá mais viagens no contrafluxo. Exemplo: em vez de tantas pessoas virem de Itaquera em direção ao centro, poderão seguir de manhã em direção a Guaianases e outros bairros da Zona Leste. Asim, os ônibus que vão lotados no sentido do fluxo poderão ir mais vazios e os do contrafluxo, que circulam com capacidade ociosa, terão melhor aproveitamento. O mesmo vale para  trens e metrôs.

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Sobre o Bilhete Único Mensal, escrevi um post no meu blog pessoal. Em resumo: ele traz praticidade para quem tem condições de pagar R$140 à vista e faria mais de 23 viagens de ida e volta por mês (46 no total) – senão, não é vantagem. E quem não tem como fazer essa despesa toda de uma vez terá que arcar, indiretamente, com o custo da gratuidade obtida pelos outros.

Bicicletas

Um SISTEMA CICLOVIÁRIO digno de nome abarca várias ações, organizadas aqui em 4 eixos

1 – Sistema viário:
• Implantação de ciclovias, ciclofaixas e rotas sinalizadas, conforme as características da via: largura, movimento, velocidade média e características dos veículos (leves, pesados), acessos à direita e à esquerda, cruzamentos, aclividade, relevância . Existem estudos técnicos e experiências vivenciais que devem ser levadas em conta para a elaboração de projetos específicos para cada região da cidade, interligados uns aos outros de modo a formar de fato um sistema.

Podem ser necessários diversos tipos de intervenções para ganhar espaço que permita ao ciclista pedalar com mais conforto e segurança, como alargar calçadas, refazer o paisagismo (substituir vegetação) e proibir o estacionamento de automóveis na via pública.
• Instalação de sinalização adequada: placas de alerta, pintura de faixas (bike box, p ex), semáforos específicos.
• Criação de vias exclusivas (passarelas para bicicletas e pedestres) para a transposição de vias expressas e marginais, de modo a encurtar distâncias.

2 – Integração/ intermodalidade:
• Instalação de paraciclos e bicicletários de modo a facilitar a integração com outros modais (ônibus, trem, metrô)
• Ampliar a oferta de bicicletas de uso compartilhado (empréstimo ou aluguel), estabelecendo pontos de retirada e devolução em muitos lugares da cidade (conforme avaliação da necessidade). Desenvolver sistemas de cadastro e cobrança, quando for o caso, por celular, cartão ou Bilhete Único.

3 – Informação e comunicação:
• Instalar placas com indicação de itinerários por toda a cidade.
• Instalar totens com mapas de rotas, equipamentos e serviços (bicicletários por exemplo).
• Distribuir mapas impressos e disponibilizar para acesso pela internet, com versões para tablet e celular
• Fomentar o desenvolvimento de aplicativos para compartilhamento de informações sobre rotas, serviços etc. e o desenvolvimento de mapas colaborativos.

4 – Estímulo e promoção da cultura ciclística
• Ações educativas e de estímulo ao uso de bicicletas – escola de bicicletas, contratação e treinamento de “anjos”, organização de “comboios”, passeios, festivais.
• Orientação, por meio de palestras e vivências, de trabalhadores da área de trânsito e transporte, a começar pelo serviço público (direto e terceirizado)
• Criação ou ampliação da prestação de serviços com bicicletas (rondas da Guarda Civil Metropolitana, transporte de documentos, etc)
• Implantação de pontos de atendimento ao ciclista – banheiros, bebedouros, oficinas, vestiários
• Incentivo à indústria nacional para produção de bicicletas leves, seguras e baratas
• Incentivo à instalação de paraciclos, bicicletários e vestiários em prédios comerciais.
• Veiculação de publicidade promovendo o respeito ao ciclista e incentivando o uso de bicicleta para pequenos deslocamentos.

Observações:

• Existe muita dificuldade, na administração pública de conciliar as ações dos diversos órgãos, exemplo: CET X Sabesp X Comgás (e suas interferências nas vias); SPTrans, EMTU e Metrô (instalação de bicicletários, sinalização etc); Siurb x Subprefeitura… É preciso haver uma autoridade municipal encarregada do tema da locomoção não-motorizada; uma diretoria específica dentro da Secretaria de Mobilidade Urbana (que substituiria a atual Secretaria dos Transportes).

• A falta de acúmulo na administração pública municipal também dificulta algumas providências – nas nossas primeiras tentativas de fazer projeto de ciclorrotas na SubLapa, não havia modelos de Termo de Referência para licitar o projeto… A prefeitura ainda não tem o repertório para saber o que pedir no edital da concorrência.

• Embora haja, por um lado, um clamor pelas bicicletas, ainda há resistência de uma parte da população a elas – que vai surgir com mais força quanto mais o sistema interferir, por exemplo, na quantidade de vagas oferecidas para estacionamento na via pública. É preciso ter firmeza para enfrentar avaliações negativas e pressões contrárias – características de um bom político, aliás!

Quanto à ORDEM de implantação:

1 – Curtíssimo prazo:
• Transformar a Secretaria de Transportes em Secretaria da Mobilidade Urbana, com a criação de uma Diretoria dedicada à locomoção não motorizada.
• Instalação de paraciclos e bicicletários de modo a facilitar a integração com outros modais (ônibus, trem, metrô)
• Implantação de rotas sinalizadas
• Instalar placas com indicação de itinerários, totens com mapas de rotas, equipamentos e serviços, distribuir mapas impressos e disponibilizar para acesso pela internet
• Ampliar a oferta de bicicletas de uso compartilhado
• Veiculação de publicidade promovendo o respeito ao ciclista e incentivando o uso de bicicleta para pequenos deslocamentos.
• Licitar a construção de passarelas para bicicletas e pedestres sobre as marginais e vias expressas, como 23 de Maio e Radial Leste.
• Orientação, por meio de palestras e vivências, de trabalhadores da área de trânsito e transporte, a começar pelo serviço público (direto e terceirizado)
• Ações educativas e de estímulo ao uso de bicicletas – escola de bicicletas, contratação e treinamento de “anjos”, organização de “comboios”, passeios, festivais.

2 – Médio prazo:
• Contratação de projetos E implantação de ciclofaixas e ciclovias, com instalação de sinalização adequada: placas de alerta, pintura de faixas (bike box, p ex), semáforos específicos.
• Incentivo à indústria nacional para produção de bicicletas leves, seguras e baratas
• Fomentar o desenvolvimento de aplicativos para compartilhamento de informações sobre rotas, serviços etc. e o desenvolvimento de mapas colaborativos.
• Criação ou ampliação da prestação de serviços com bicicletas (rondas da Guarda Civil Metropolitana, transporte de documentos, etc)
• Implantação de pontos de atendimento ao ciclista – banheiros, bebedouros, oficinas, vestiários
• Incentivo à instalação de paraciclos, bicicletários e vestiários em prédios comerciais.