Tarifa Transporte Coletivo

Considerações Iniciais

A soma de tudo que é pago na roleta não é suficiente para custear o sistema de ônibus.

A prefeitura subsidia o sistema com centenas de milhões de reais todo ano.  Não o fizesse, a tarifa teria de ser mais cara e/ou haver menos descontos e gratuidades.

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Se o transporte fosse reestatizado, o custo  não seria menor.

A prefeitura teria de ser proprietária de milhares de veículos, a contratante de dezenas de milhares de funcionários, proprietária das garagens, responsável por toda a manutenção da frota, gestão de recursos humanos… Um impacto financeiro e administrativo imenso. Sem a garantia de melhora da qualidade de serviço, porque seria uma operação monstruosa. Imagine o tamanho da máquina pública necessária para cuidar disso tudo.

O modelo de concessão pode ser muito eficiente – desde que a SPTrans exerça de fato seu papel de gestora do Sistema, distribuindo as linhas, remodelando os trajetos, fiscalizando a operação.

O lucro das empresas não é variável; o contrato de concessão, assinado no final do governo Marta Suplicy, estabelece uma “taxa de retorno” de 6%. O aumento das tarifas e do repasse da prefeitura não significa aumento dos seus lucros.

Seus ganhos são indevidos quando a operação não é satisfatória; novamente, a SPTrans tem de aplicar as penalidades.

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Propostas

Para baratear a tarifa de ônibus, é preciso:

1 – Reduzir as despesas com o custeio da operação
2 – Criar novas fontes de receita

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1 – Para reduzir as despesas:

* Melhorar a operação dos corredores, que hoje são verdadeiros congestionamentos de ônibus. Eles vão funcionar como metrô sobre rodas:

– Veículos grandes (“sanfonados”) passando em intervalos regulares (sem ônibus comuns congestionando a faixa exclusiva)
– Passagem paga já no ponto para que o embarque seja mais rápido.

* Exigir a modernização da frota para maior eficiência energética
Haverá, assim, menos desperdício de recursos (combustível etc).

2 – Para aumentar a receita:

* Com as viagens nos corredores mais rápidas e previsíveis, o sistema atrairá mais passageiros. Portanto, mais gente pagando tarifa.
* Concluir a licitação do mobiliário urbano, que prevê publicidade nos pontos de ônibus
* Licitar publicidade nos veículos e terminais
* Licitar publicidade no Bilhete Único
* Licitar mais pontos comerciais e de serviços nos terminais

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Pretendemos também fazer estudos sobre a possibilidade de compra, por empresas, de passagens para seus funcionários ou clientes, no valor total das viagens.

Quem paga Vale Transporte para seus empregados foi beneficiado com a implantação do Bilhete Único, porque o portador do VT passou a pagar por uma viagem só (hoje, R$3,00) mesmo que pegue várias conduções em sequencia – a empresa economizou e a prefeitura assumiu o custo das viagens seguintes. Claro que é preciso analisar com cuidado para não onerar de tal maneira os empregadores que esse seja mais um “estímulo” à informalidade.

Também acredito que seja justo com o conjunto da população rever o direito a meia-passagem para todos os estudantes independentemente de sua renda familiar. Um estudante de classe A ou B que pague meia tem o restante de sua passagem sendo paga pelo conjunto da população – inclusive o autônomo ou desempregado que já sofre para pagar o valor inteiro da sua.

Outra possível fonte de receita seria o pedágio urbano, isto é, a cobrança de uma tarifa igual à passagem de ônibus para os automóveis particulares que circularem no centro da cidade no período das 8h as 20h de segunda a sexta-feira. Mas para ser implantado ele depende da aprovação de uma lei, seja na Câmara Municipal ou em plebiscito.

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Queremos evitar ao máximo aumentar a tarifa – apesar da inflação, da Petrobrás aumentar o preço do diesel , da necessidade de reajustar salários. Se mantivermos o valor por mais tempo sem reajuste, já será uma vitória.

Com menor necessidade de subsídio para manter o sistema funcionando, haverá mais recursos para investimento em melhorias.

Enquanto isso, vou dar bilhete 100% subsidiado para estudantes com renda familiar inferior a 3 salários mínimos. Com direito a passagens gratuitas também no fim-de-semana (4 no total).

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Outro ponto que vai melhorar a entrada de receita será a Reorganização do Território, com maior proximidade entre casa e trabalho.

Hoje, o ônibus sai lotado do Itaim Paulista, no extremo leste, e chega com essas mesmas pessoas ao ponto final, no Parque Dom Pedro.

Se mais gente subir e descer ao longo de toda a linha, a “produtividade” vai aumentar; em vez de 100 pessoas passando pela catraca, poderão ser muitas mais.

Com melhor distribuição da atividade econômica, também haverá mais viagens no contrafluxo. Exemplo: em vez de tantas pessoas virem de Itaquera em direção ao centro, poderão seguir de manhã em direção a Guaianases e outros bairros da Zona Leste. Asim, os ônibus que vão lotados no sentido do fluxo poderão ir mais vazios e os do contrafluxo, que circulam com capacidade ociosa, terão melhor aproveitamento. O mesmo vale para  trens e metrôs.

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Sobre o Bilhete Único Mensal, escrevi um post no meu blog pessoal. Em resumo: ele traz praticidade para quem tem condições de pagar R$140 à vista e faria mais de 23 viagens de ida e volta por mês (46 no total) – senão, não é vantagem. E quem não tem como fazer essa despesa toda de uma vez terá que arcar, indiretamente, com o custo da gratuidade obtida pelos outros.